Eu nunca fui dessas meninas muito menininhas, de brincar de casinha, de fazer comidinha. Nunca quis aprender a cozinhar, até que fui morar sozinha, e descobri que a cozinha poderia ser um lugar divertido – desde que no dia e na hora em que eu estivesse inspirada – o que não acontece com tanta frequência. Enquanto solteira, mesmo morando sozinha, as reuniões em minha casa sempre foram festinhas de muita bebida e qualquer coisa de comer ou churrascos – eu tinha em casa uma geladeira somente com picanhas no congelador e cervejas em todo o resto.
Foi depois de casada que eu descobri e me encantei com a arte de receber amigos em casa. Adoro receber amigos, acho muito mais aconchegante receber em casa do que sair para jantar, e fico muito feliz a cada vez que temos a oportunidade de organizar reuniões.
Tenho que confessar que eu até sonho em me transformar numa anfitriã perfeita, à la Martha Stewart, dessas que sempre preparam algo de novo, e que preparam receitas elaboradas desde os hors d´oeuvres até os biscoitinhos assados em casa para acompanhar o cafezinho, passando por dois ou três pratos, acompanhamento, e, no mínimo, duas sobremesasm, obviamente. Mas, às vezes sou preguiçosa, às vezes me estresso com a perspectiva de dar tudo errado, nem sempre tenho os ingredientes necessários ou falta a coragem de ir ao supermercado de última hora. O que dizer de flores frescas para o arranjo central? E, horror dos horrores, o que fazer com toda a bagunça que fica depois que os convidados vão embora? Em síntese: sou uma mulher normal, média, que trabalha, que não morre de amores pela cozinha, ainda que não tenha aversão, sem nehuma pretensão a Amélia.
Nas primeiras visitas, logo após a lua de mel, eu quase ficava louca. O que fazer? O que servir? Qual dos jogos de pratos, e copos, e jogos americanos que eu ganhei eu deveria utilizar? O que servir de sobremesa? Como adivinhar quantas pessoas beberiam refrigerante, vinho, whisky e todo o resto para fazer jus a todos aqueles copos de formatos diferente, e para saber o que trazer do supermercado? E como gerenciar toda aquela bebida que inevitavelmente congestiona a geladeira no dia seguinte (mineiro é sempre exagerado para servir), para caber as coisas do dia-a-dia?
OK, às vezes até baixa a inspiração para fazer uma super produção, mas não é nada freqüente. Se eu tiver que limitar os meus convites a amigos a essas raras vezes eu vou me tornar a pessoa mais anti-social do planeta terra. Portanto, prossegui em busca de mais ajuda. Como boa pesquisadora, revirei a internet. Vi dezenas de blogs. Comprei livros e livros. E nada. Os livros sobre os temas em questão são voltados para quem AMA cozinhar, ou deseja organizar aquela super-festa inesquecível. E eu queria somente aprender algumas dicas para as pessoas comuns receberem amigos e passarem horas divertidas, sem apelar para o tudo-descartável-acompanhado-de-batatas-chips.
Não deixei de comprar os livros. Continuo comprando aliás, e os devoro como as criancinhas admiram as gravuras antes de aprender a ler. Eventualmente aproveito uma receita ou outra, uma dica ou outra, mas eles não são feitos para gente que nem a gente. Enquanto isso, a gente faz o que pode, e aprende na prática.
Com toda esta facilidade para tratar do tema e disposição, acho que deveria encerrar a busca por respostas fora de casa. Falta apenas o bom senso de organizar as idéias e publicar o seu livro.
Sugestão para o título – Aprenda a receber sem chrises.
Também adoro receber meus amigos,quando não tenho o que fazer aqueles patezinhos rápidos ajudam muito,tenha sempre torradinhas e biscoito salgado temperado é um verdadeira coringa.
Só de estar preocupada em receber bem, acho que está no caminho certo para o sucesso. Vá em frente, se depender de nosso estímulo, você logo fará muitas palestras sobre o assunto.
Adorei a sua maneira de escrever, os seus receios são os normais de todos nós que gostamos de receber amigos.
Beijocas
Nossa Chris, me identifiquei muito com este post, heheh, parecia eu falando da Martha! 🙂
Que bom saber que temos algo em comum! Porque eu amo o teu blog também, quase xará!
Beijos,
Chris