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Sobre a comida dos pequenos… e dos grandes

Li hoje um post muito bacana no blog Comer para Crescer, que  eu gostei tanto que eu reproduzo aqui na íntegra:

Quanto o blá blá blá de mãe às vezes é importante

Três coisas que li na última semana me chamaram muito a atenção:
– a primeira foi o relato da nossa amiga-colabodora Andréa sobre a decisão de contratar uma nutricionista para ajudar a família a melhorar a qualidade da alimentação (e olha que conheço a Andrea há muito tempo e sei que come-se muito bem na casa dela. Mas, como sempre dá para melhorar, então melhoremos);

– a segunda foi o resultado da nossa pesquisa sobre quem cozinha: a maioria das leitoras que respondeu diz que é ela porque é necessário (ou seja, se tivessem alguém para executar essa missão passariam a bola adiante, como faço aqui em casa);
– e a terceira foi a pesquisa do Datafolha sobre alimentação que saiu na Folha e alertava que o despreparo das mães e dos pais com a maternidade é que leva as crianças à comer salgadinho, bolacha com recheio e beber refrigerante antes de dois anos de idade.
A maternidade desembarca nas nossas vidas como um universo realmente paralelo. Temos menos contato com bebês do que as gerações de nossos pais. Tem gente que só vai ter contato de fato com um bebê pela primeira vez na vida no nascimento do filho. Minha mãe já cozinhava aos 7 anos de idade. Não porque gostava, mas por dever. É a caçula de 8 irmãos. Como todos trabalhavam, alguém tinha de fazer a comida de casa. Esse alguém era minha mãe. É, claro, que aos 20 anos, quando ela se casou, já sabia pilotar todos os fogões e panelas. Sabia cozinhar para pessoas de todas as idades e sabia fazer papinha para os sobrinhos.
Eu fui pilotar fogão aos 14 anos a pedido da minha mãe, “para me preparar para a vida”. Era uma espécie de sub-chefe da minha irmã mais velha. Mas sempre detestei a função e toda vez que podia passava a bola adiante (como faço ainda hoje). Fui me interessar “em estudar, me formar, trabalhar para não depender de marido”. Saí de casa para casar e me libertei da obrigação de cozinhar. Assim, como a Andréa, na minha casa tinha todos os cardápios de restaurantes delivery do bairro na gaveta da mesa do telefone.
Jamais me preocupei em aprender a cozinhar melhor. Mas, quando Samuel nasceu, fiquei chocada com o universo paralelo que se abriu e também sobre quanto eu e maridón desconhecíamos o mundo dos casais com filhos. Fiquei bege. E também rosa, amarela, verde.
Apesar dos esforços da minha mãe, cozinhar continuou um mistério. No momento da introdução da papinha, quando o pediatra deu a receita da primeira papinha, o mistério da culinária se mostrou toda a sua força: saí do consultório sem saber se 1 quilo de carne daria para a primeira papinha. Naquele momento fiquei roxa. Uma total sem noção!
Sorte que minha mãe me socorreu (com sorriso largo) na primeira papinha e também em dizer que não eu deveria dar suco de caixinha antes do Samuel ter 2 anos; que eu só fui comer doce quando tinha 3 anos de idade; que eu nunca tinha bebido refrigerante até os 5 anos; que só me dava bolacha Maria ou Maizena.
Enfim, minha mãe pode ter enchido minhas orelhas com tanto “que assim, que assado”, mas sábia a sabedoria dela em me azucrinar porque não caí na tentação da via fácil, ou seja, de dar o que eu, adulta, mastigo, para um bebê de seis meses porque fazer papinha é chato, dá trabalho.
Infelizmente, há muito adulto fazendo isso, como mostra pesquisa da Unifesp. É uma pena.
Ter filhos é sair de um mundo e entrar em outro mundo, que dá muito trabalho e exige muito jogo de cintura e pouca preguiça. Há tanta fruta que dá para ser levada na bolsa. Há tantos potinhos que cabem frutas e que também cabem em qualquer bolsa. E existe água para as crianças. E existe a palavra NÃO para ser dita quando eles querem a bebida proibida. Não é difícil, né! Na verdade é mais simples do que achamos.

Por um mundo com menos bebês tomando Coca-Cola na mamadeira e comendo menos bolachas recheadas.

Comida di Buteco

Está acontecendo atualmente a 10a edição do Comida di Buteco, em Belo Horizonte. O festival acontece desde os meus tempos de BH, agora em um formato mais profissionalizado.

Confesso que eu gostava mais da época mais amadora, porque os pratos eram menos elaborados, eram de fato os petiscos mais famosos de cada buteco participante. Agora eles têm nomes elaborados, misturas inusitadas… e menos autenticidade – na minha opinião de quem já há algum tempo só tem a oportunidade de provar um ou outro – ou nenhum dos pratos nestes dois últimos anos…

De qualquer forma, eles ainda dão uma visão dos deliciosos butecos da minha terra. E, os paulistanos que me perdoem, mas os butecos por aqui não têm (pelo menos para mim) o mesmo charme dos butecos de lá.

Quem quiser conferir, dê um pulo no site do festival!

Um novo projeto

Sem juízo! A amiga diz que eu sou convincente, me senti quase uma chefe nazista, mas na verdade eu só joguei a idéia e ela abraçou de vez… e eu quase nada!

Explico! Semana passada eu estava obcecada com a questão do custo da alimentação. Acho isso muito sério sob todos os aspectos – social, econômico, pessoal, tudo! Daí tive uma idéia que envolvia panelas… e quem mais eu ia convidar para abraçar uma idéia que envolvesse panelas, um texto divertido e um pouquinho de maluquice? Lailinha, é claro! A idéia: fazer um blog voltado a pensar em idéias de como é possível comer bem sem gastar muito.

E não é que a menina topou e saiu fazendo receitas e contas, justo no meio da minha mega CHRISE de insônia? Bom, o jeito foi tomar vergonha na cara e ir lá assumir a criança com ela. Quem quiser conhecer, visitem o Na Ponta do Mouse! E, fiquem à vontade para participar, a idéia é fazer um projeto aberto, colaborativo!

Laila minha querida, quem mandou ser tão bacana! A culpa é sua, se eu sempre penso em você para as minhas idéias amalucadas!

O (cada vez mais) caro prazer de comer!

Gente, eu ando muito sensibilizada e preocupada com o aumento dos preços de alimentos. De um modo geral, mas especialmente dos itens básicos, aqueles com que ninguém nunca se preocupou: arroz, feijão, leite… Isso não só compromete o padrão de vida mínimo dos mais desafortunados, como, obviamente, gera inflação em cascata!!!

Só hoje li umas 4 matérias sobre o tema, e venho pensado muito sobre ele. A matéria abaixo abriu o Bom dia Brasil de hoje:

Cenas que há muito não eram vistas no supermercado: carrinhos mais vazios, menos produtos por mais dinheiro, corte de gastos fora de casa. O consumo começa a desacelerar. A culpa é da alta dos preços, principalmente dos alimentos.

As famílias brasileiras puxaram o freio. Estão consumindo menos. O motivo: a alta dos preços, principalmente dos alimentos. Os carrinhos de compra encolheram. A mesa ficou menos farta e o orçamento está justo.

O consumidor está mudando hábitos. Aqueles almoços de fim de semana com a família, por exemplo, estão mais modestos. Nem todos os parentes vão ser convidados. A carne do molho já não é mais de primeira.

O consumidor já andava endividado. Com a inflação em alta, diminuiu as compras e agora ficou mais desconfiado da economia.

Compras uma vez por semana e só o suficiente para o marido e os dois filhos. Nada de supérfluos. E não espere um convite da cabeleireira Ivete Bezerra Rodrigues para almoçar.

“Nós estamos comendo, só que estamos diminuindo as quantidades. Por exemplo, se você recebia mais visita recebe menos visita, porque aí o gasto é maior”, disse a cabeleireira Ivete Bezerra Rodrigues.

As sacolas encolheram.

“Arroz, feijão, açúcar, o produto de limpeza está bem mais caro”, comentou uma consumidora.

“Quando aperta, sobe o preço. Diminuo comprando menos”, disse outra senhora.

Pesquisa, feita por um instituto que estuda o consumo na América Latina, mostra que, enquanto os preços aumentaram em média 3% no primeiro trimestre deste ano, o consumo caiu 4% na comparação com outubro, novembro e dezembro de 2007.

As classes D e E foram as que mais frearam as compras. “A gente está vendo outras coisas para poder suprir”, contou uma dona de casa.

Acostumado a fazer análises sobre o comércio varejista, o professor de economia Nelson Barrizzelli acredita que a redução no consumo deve se reverter.

“Eu não acho que essa queda signifique que temos um problema pela frente. Significa apenas uma diminuição daquele ímpeto no qual nós vínhamos vindo e certamente será retomado nos meses seguintes, principalmente no segundo semestre”, acredita o economista Nelson Barrizzelli.

Para o economista, um dos principais motivos para a queda é o alto endividamento das famílias. “O dinheiro foi transferido para outros bens, provavelmente pagamento de compromissos assumidos em 2007”, continua Nelson Barrizzelli.

A preocupação com a inflação tem crescido. Pesquisa mensal da Federação do Comércio de São Paulo revela que a alta dos preços dos alimentos deixa o consumidor menos otimista. O índice de confiança na economia caiu, o que não acontecia há oito meses.

Pela oitava vez seguida, o mercado financeiro elevou a previsão de inflação para este ano: 5,12%, distante da meta do Banco Central, que é de 4,5%.

São previsões que, por enquanto, não afetam diretamente o dia-a-dia de quem está na fila do caixa. Mas se elas se confirmarem, para Dona Ivete será uma diversão a menos.

“Almoço no domingo, só a família”, prevê a cabeleireira.

A maior queda no consumo (9%) foi registrada nos estados do Centro-Oeste e nas cidades do interior de São Paulo. A Região Nordeste teve a menor retração: 2%.

A gente tem mais é que dar graças a Deus de poder comer comidinhas diferentes!!!!!